sexta-feira, 17 de maio de 2013

Psicologia Humanista Existencial Psicóloga Jacqueline Ponte




UMA PEQUENA EXPLANAÇÃO SOBRE
PSICOLOGIA HUMANISTA - EXISTENCIAL

            A psicologia humanista iniciou-se na década de sessenta, liderada por Maslow, Carl Rogers e Rollo May. Tal movimento iniciou-se como uma espécie de “terceira força”. Segundo Maslow:
“A psicologia Humanista é, no seu sentido mais verdadeiro, uma visão geral e abrangente da vida, uma visão mundana de uma filosofia de vida que não é simplesmente intelectual, mas é também um sistema de ética, de valores, de política, de economia e de religião; uma filosofia de ciência...”
(Maslow apud Rosenberg, p.31).
           
            O humanismo-existencial não entende que os objetos observados tenham vida própria, exterior ao sujeito. Cada objeto descrito possui uma significação diferente para cada sujeito que o observa. Ora, segundo essa forma de pensar, o que importa é decifrar os sentidos dados à relação entre a consciência das coisas e as coisas em si.
Não foi somente no pensamento antigo que preponderou a tendência de dissolver a questão humana dentro de natureza universal. Também no pensamento filosófico moderno tal linha se impôs. Contra isso é que reagiu Sören Kierkegaard, o filósofo dinamarquês considerado o fundador do existencialismo. (Op. Cit.)
            Para o existencialismo o homem concreto não é o caso particular de um conceito geral. Existe um valor irredutível da vida individual, inabsorvível por qualquer sistema abstrato.
Não podemos falar de Psicologia Humanista-Existencial sem falar de Rogers. Ele tem uma perspectiva e visão do ser humano filosoficamente falando altamente holístico, ecológico, organísmica e sistêmico. Destacado pioneiro no desenvolvimento da chamada Psicologia Humanista, Rogers (1.902-1.987) foi um dos principais responsáveis pelo acesso e reconhecimento dos psicólogos ao Universo clínico.
 Sua postura enquanto terapeuta sempre esteve apoiada em sólidas pesquisas e observações clínicas. Rogers fala da Psicologia Humanista como uma concepção peculiar de natureza humana, compreendendo-a através do método fenomenológico.

A única realidade que me é possível conhecer é a do mundo e universo como eu o percebo e vivencio neste momento. A única realidade que é possível você conhecer é a do mundo e universo como você o percebe e vivência neste momento. E a única certeza é a de que estas realidades percebidas são diferentes uma da outra. Os ‘mundos reais’ são tantos quanto às pessoas!
(Rogers e Rosenberg apud Rosenberg, p. 35)

Rogers supôs que as pessoas podem alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos indesejáveis, tornando-os desejáveis.

A abordagem de psicoterapia centrada na pessoa desenvolvida por Rogers tem tido um grande impacto sobre a psicologia e sobre o público em geral. Sua teoria da personalidade tem sido bem recebida, particularmente sua ênfase na importância do EU.  Rogers influenciou o movimento do potencial humano, e sua obra é vista como uma importante contribuição da tendência de humanização da psicologia. 

Referia-se à lógica do organismo como um todo, intuindo um tipo de racionalidade orgânica muito mais sutil e profunda do que a racionalidade intelectual e linear clássica, que via a regra como uma capacidade de reter algumas informações ou habilidades técnicas, adestradas a partir da educação formal.
Foi pioneiro no desenvolvimento de métodos científicos no estudo dos processos psicoterapéuticos, integrando-se este na chamada corrente da psicologia humanista que preferem o estudo do homem em seu potencial mais positivo e a aborda a Psicologia a partir do prisma da saúde e do crescimento psicológico.

 “Todo organismo é movido por uma tendência inerente para desenvolver todas as suas potencialidades e para desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e seu enriquecimento”. (Rogers e Kinget apud Rosenberg, p.51).
Para Rogers o valor da pessoa humana é inquestionável, independentemente da sua cultura, dos seus valores, dos seus sentimentos e das suas experiências. Em qualquer situação, seja na terapia, na educação, nos hospitais ou em grupos, a pessoa tem direito a um tratamento que respeite a dignidade humana e que a valorize enquanto tal. É fundamental estar em contato com a pessoa diretamente, pois há diferença entre conhecer a pessoa e conhecer coisas sobre ela.

            “O ser humano fala. Falamos acordados e nos sonhos, falamos continuamente; falamos inclusive quando não pronunciamos palavra alguma e quando escutamos ou lemos senão que efetuamos um trabalho ou nos entregamos ao ócio.” (Heidegger apud Ana Feijoo, p.44).

Podemos observar que a psicologia a despeito das categorizações e classificações vem demonstrar que a angústia de um cliente é diferente da de outro e que, embora até possam apresentar reações orgânicas semelhantes, ainda assim o sofrimento de uma pessoa não tem como ser dimensionado com o de outra. A minha depressão jamais será vivida pelo outro; jamais terei como apresentar o nível de sofrimento que a minha depressão me provoca. Ainda que em níveis organísmicos apresente reações semelhantes ao outro, podendo, portanto, tomar o mesmo antidepressivo para alívio dessas reações; a minha depressão será diferente de tudo que foi vivido anteriormente até por mim mesmo.

A atuação deste profissional busca a promoção, a prevenção, a recuperação do bem – estar do cliente, no seu todo, o que implica que aspectos físicos e sociais são considerados em interação contínua na composição do psiquismo desse mesmo cliente. Assim entendemos um tratamento humanizado: escuta sensível, não julgamento, empatia, compaixão, respeito, consideração, aceitação. Para Sartre “o homem é inexplicável”, inexplicável por não ter uma teoria determinada, se tivesse seria explicado, portanto o homem pode ser apenas compreendido. Pudemos, no entanto, unir competência científica com ternura humana, tornando-se uma ação humanizada e humanizante no mundo da saúde.

Esta é a psicologia  que sonhamos e desejamos concretizar. E a única certeza que temos é a de que um longo e árduo caminho nos espera, mas neste caminho já podemos vislumbrar a humanização, na abordagem humanista existencial como a luz da aurora que vai brilhando cada vez mais, até (quem sabe) se tornar dia perfeito.

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